quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O último encontro

Ela ficou deitada com os olhos abertos, sem vontade de se levantar. Somente olhou para o lado e viu que já era tarde. Levantou. Foi caminhando a passos curtos até o banheiro e tomou um longo banho, já que não tinha nada para fazer naquele dia. Era, para ela, assim todas as tardes, quando então resouveu descer até o térreo na espera de encontrar uma alma viva. Sentia-se muito só naquela e, em outras manhãs.
Ele bebia uma cerveja no bar da esquina, feito um ritual, permanecia por ali quando se sentia desencontrado. Observava as pessoas que passavam pelas ruas com andar apressado, semblante sério, enquanto, com um copo na mão, esquecia da vida, dele mesmo e do que se passava em sua cabeça. Tinha um olhar vago, olhava mas não via aquela gente andando pra lá e pra cá preocupadas com o tempo que ele tinha de sobra. Porém, o dinheiro acabara. Voltou a passos curtos para casa. Logo, num torpor, seguia seu rumo, pois não podia deixar de lado a sobrevivência, e, acima de tudo, suas responsabilidades.
Ao entrar no prédio reparou em uma moça que esperava o elevador, que logo chamou sua atenção. Não disseram nada e entraram juntos, porém, inevitavelmente sentiram uma conexão imediata. Silêncio.Seus olhares se cruzavam de maneira profunda, e, quando se viam, uma intimidade estranha rolava. Ela fixava o olhar penetrante nele, consequentemente, ele também não desviava seu rosto. Havia uma nítida impressão de que ambos procuravam por um afeto, algo para esquecerem um pouco daquela vida vazia.
Ele olhava seus cabelos loiros bem claros, viajava em seu rosto, seus lábios. Ela o olhava diretamente na alma. Nenhuma palavra. O tempo pairava no ar e ambos eram tomados pela ansiedade, movida pela curiosidade que sentiam por qualquer iniciativa.
Aos 55 anos, solteiro e sem filhos, dedicava sua vida ao trabalho e a uma vida rotineira. Seus atos desesperados por um futuro mais prósperos só desencadeavam um processo de antecipada solidão, perdição e, consequentemente, velhice mórbida. Pensou em tirar um filme para enganar o dia.
Ela, estudante de Direito, ainda sonhava com o príncipe encantado, aguentava a companhia dos pais, sonhando enclausurada na sua realidade mundana.
Naquela tarde, vestia um vestido preto de seda. Vivia perambulando pelas ruas, entregando-se ao consumismo exagerado. Era uma menina mimada, tinha carro do ano e sempre frequentava as melhores festas. Levava uma vida de dependências, tanto familiar, quanto em relação aos estudos. Gostava de homens mais velhos, que lembrassem a figura de seu pai, no entanto, aquela situação a deixara sem jeito, tanto por sua inexperiência, quanto ao fato dela saber que ele a desejava ali e naquele momento.
Finalmente o elevador parou. Ela saiu na frente e, ao olhar para trás, deu um sorriso e disse:
- Olá professor.
Enquanto a porta do elevador se fechava, um impulso lancinante fez com que a menina se virasse e segurasse a porta:
- Moramos no mesmo prédio, no mesmo andar, ando precisando de aulas mais particulares, disse a menina, sorrindo novamente.
Chegando em casa já meio cansado, pôs-se a trabalho, corrigindo as provas daquele dia. Sentou no sofá e preparou uma dose bem servida de uísque.
Batidas na porta. Era a menina, usando agora um shorts e uma blusa branca que a deixara mais jovem ainda:
- E então?
Disse-lhe que estava com dificuldades em algumas matérias e vinha pedir ajuda. Rapidamente, sem rodeios, convidou-a para entrar. Ofereceu-lha uma bebida, que ela acabou aceitando.
Ela sentou no sofá de forma convidativa, enquanto ele, permaneceu de pé. A menina o olhava por inteiro, alisando o sofá, para que aquele homem a consumisse por inteiro, sua alma, seu sangue, seu delírio cosmológico por saciedade. Ele colocou o copo de uísque na mesa, agarrando drasticamente um furacão lastimado.
Esses encontros se tornaram frequentes, completando quase um mês. Porém, a garota não imaginava que se envolvia num “golpe emocional” de malandrices. Ele a fizera se apaixonar loucamente e, numa tarde, quando a moça vinha se encontrar com seu “príncipe”, já perto da porta, ouviu barulhos vindos de dentro do apartamento. Se aproximou, e, surpreendida, reconheceu a voz de sua colega de sala. Deu as costas e foi aos prantos para casa.
No outro dia, já cansada de ser enganada por homens mais velhos, abrindo a porta do elevador deu de cara com o novo casal. Em silêncio, subiu as escadas vagarosamente e se atirou do décimo andar.

Pra quem gosta de uma boa massa.

Quando trabalhava na Rua Libero Badaró, o meu almoço de toda sexta-feira era definitivamente em um único local o restaurante Chamon. Para quem gosta de um bom almoço, e nesse horário se encontra no centro de São Paulo, nas redondezas da Praça da Republica não pode deixar de conhecer esse restaurante.

Com um ambiente bem arejado e uma bela vista para Avenida São Luis, com seus prédios antigos, e as arvores da Praça Dom José Gaspar, o local é bem aconchegante e espaçoso. Um diferencial é o bom atendimento dos garçons e as atendentes, sempre prestativos e ágeis.

O prato principal são as massas, que o cliente pode escolher as suas prediletas, como macarrão de massas longas (Espaguete, Talharim, Bavete), macarrão de massas curtas (Penne, Parafuso, Concha), e outros tipos de massas como Canelone, Cappeletti, Raviole e Rondeli recheado. Tudo isso com o custo de R$ 29,90 o quilo.

Mas para quem gosta de uma boa comida caseira, o restaurante oferece um Buffet com variedades de comida, tudo feito na hora, e com dois preços diferentes, o econômico que custa R$ 22,90 o quilo e lhe serve somente o Buffet, e o especial por R$ 29,90 o quilo que lhe dá direito ao Buffet mais o Grill.

Para quem ficou com água na boca o restaurante Chamon fica na Praça Dom José Gaspar, número 106, no 1° andar, Loja 35 galeria Metrópole, República - São Paulo. O telefone de contato é (11) 3258-7739 e o horário de atendimento de segunda a sexta-feira, das 9:00 as 16:00 hrs.

O Diabo Veste Prada.

Cláudia acorda com o barulho do sino da igreja anunciando a madrugada fria e chuvosa. Ela é casada, tem 32 anos, 1.70 de altura, olhos azuis, branca como neve e cabelos negros na altura dos ombros.
Ao olhar para o relógio ao lado da cama, notou que seu marido, Pierre, ainda não havia chegado da sua longa jornada de trabalho no jornal "Le Monde" onde era redator chefe. Desde adolescente, Cláudia apresentava um comportamento desequilibrado, já frequentou terapias e toma remédios antidepressivos.
O vento bate na janela de seu apartamento no 15º andar na avenida Champs Elysées próximo a Torre Eiffel, os raios da tempestade que caem na cidade iluminam as garrafas de Velvet Cliquot em cima do balcão do bar repleto de taças de cristais.
Cláudia começa a ficar cada vez mais desconfiada da demora de seu marido na redação do jornal, à beira de um ataque de nervos, ela sai do apartamento apenas com uma camisola da grife PRADA e com o picador de gelo que estava dentro do balde de champagne. Ela sai às ruas de Paris com a vestimenta colada ao corpo por causa da forte chuva que caia, Cláudia vai em direção do prédio onde fica a redação do jornal onde supostamente está seu marido, como já passava das três horas da manhã, já não havia mais nenhum segurança na portaria, apenas os jornalistas realizando o fechamento da edição.
Ela pega o elevador praticamente semi nua, cabelos enxarcados,olhar enfurecido , segurando aquela arma na mão como se fosse o último diamante da face da terra. A porta do elevador se abre, ela começa a ir de encontro à sala onde Pierre costumava passar as noites, e o que era apenas uma desconfiança, passa a ser realidade, seu marido estava com uma colega de trabalho em uma cena de sexo explícito, a mesa que estava repleta de sugestão de pauta, deu lugar à puta.
Cláudia vai para cima de Pierre arrebentando seu peito com o picador de gelo, são vários volpes, muito sangue, muitos gritos, a messalina a essa hora já estava longe dali, ele cai nú, de joelhos, implorando pela vida, Cláudia, com a camisola cheia de sangue, observa a cena com um sorriso no olhar, com semblante de vingança.
Pierre, no dia seguinte, vira matéria de primeira capa do jornal.

Joice Pineda

RA: 408.141.983

Romance

Eu estava tentando te mostrar que eu estava morrendo de medo, falei coisas que talvez te deixassem com receio de me perder, mas, afinal eu era um verme contracenando comigo, perdendo com minhas palavras a melhor coisa de meus dias, elevando o meu orgulho, meu pensamento fechado, me tornando profissional na babaquice, e deixando lágrimas em seus olhos.
Oh Querida! Mesmo que eu não seja mais o que você queira eu ainda te amo e te amarei, isso porque você sempre me amou, eu nunca quis te fazer chorar eu sou apenas uma criança chorando por brinquedos, querendo ter tudo em mãos sem perceber que tenho ou tinha tudo.
Eu só não entendia como você consegue o que eu nunca consegui ser: controlada, paciente e virtuosa... Perdão, mesmo que não adiante mais, perdão...
Nós somos unha e carne, fique comigo ninguém sabe o futuro...
A única certeza é que um dia tudo vai estar onde deve...
E eu esperarei sem me opor porque eu TE AMO...
Eu perdi minha razão e meu senso... E você estava chorando, merda você estava chorando... Minha alma e mente sempre serão suas...

Ao acabar de ler estas linhas, olhou aquele corpo agora sem vida, mas ainda belo, que por medo de pensamentos alheios não havia se entregado ao prazer de uma vida a dois, seus pais eram contra, seus amigos eram contra e poucos apoiavam esse amor que tinha tudo para dar errado.
Chegando mais perto daquela boca que em noites de frenesi sugou os lábios, pode não se sabe se por alucinação ou amor sentir o hálito fresco daquela bela jovem, com as últimas gotas de sangue escorrendo por seus belos pulsos, aquele ser angelical havia voltado para seu lugar minutos antes.
E talvez fosse verdade aquilo que o padre falou, se você faz algo escondido, este negócio não é para se orgulhar porque senão você faria aos olhos de todos, mas Deus está lá vendo tudo e um dia ele te castigará pelo seu ato.
Não, aquilo era obra de algum demônio que nos domina em momentos de desespero, disso tinha certeza Deus é estupendo e não faria esta crueldade.
Remoendo suas lembranças sobre as palavras que agora nunca mais soariam nos ouvidos de sua amada, os momentos que passaram abraçando – se e se amaram, agora estava lá esparramado pelo chão tingido de vermelho.
O mundo rodava em torno de sua mente, sua cabeça ficava pesada cada vez mais, e a pergunta que vinha a toda hora, por que tudo aquilo?
Não pode existir um amor puro? É tão estranho não querer sair transando com um monte de pessoa? Viver e Morrer ao lado de uma única alma?
Dúvidas e certezas rondavam seus nervos, sair do mundo era uma ótima idéia, mas por que fazer sofrer daquela forma, saber que nunca mais se terá a pessoa?
Ela podia ter avisado, ecoava agora em seus pensamentos, a única pessoa com quem teve alguma relação sexual, estava agora jogada no chão esperando os vermes para devorar suas carnes.
Náuseas, calafrios, dor irremediável, lágrimas, ódio e vontade de morrer misturavam – se a risadas insanas de lembranças de momentos felizes com ela. Aquela festa, aquele riso encantador, os olhares apaixonantes e aquele ar angelical, despertaram algo que nunca havia batido naquele peito, o amor.
As ameaças jogadas ao vento por bocas cruéis, o cuspe esparramado em suas faces, a dor por se amar tão intensamente em um mundo sádico e a ilusão de ser feliz.
Com lagrimas que se misturavam ao sangue pegou o mesmo estilete e passou com um simples ato de brutalidade em sua jugular, o ar não chegava mais aos pulmões, caiu ao lado de sua amada e pode ver aqueles olhos pela última vez, viu aquele brilho novamente. Engasgando com seu próprio sangue ainda tentou falar um último Te Amo, finalmente seu corpo descansou de todo aquele peso e as contrações involuntárias de sua vida saindo de seu corpo lhe deram alegria, viu os braços de Deus abertos para lhe receber junto com a sua amada e sorriu.
Um bilhete escorregou de sua mão, onde estava escrito o seu grito e de sua amada, o qual dizia Esta não é mais uma história de Romeu e Julieta, é a história de Sara e Camila... Deus nos juntou...
O Mistério do Telefone








       Sentado observava o movimento vago da rua e, por sua cabeça passava que pudera também estar sendo observado. Como todas as noites, Bruno fumava seu cigarro na varanda do sexto andar, tomava um trago de conhaque, folheava o jornal e pensava, sonhava.

       Numa noite destas, perto das onze, o telefone que, há muito tempo não tocava anuncia que alguém o procura. Toca uma, duas e três vezes, o tempo suficiente para arrastar-se sobre sua perna dormente e atender. Do outro lado da linha, uma voz fresca... virginal, como de uma menina:


       - Bruno. E se calou. Ele aguardou alguns instantes até desligar, esperava o calafrio que cobria-lhe dos pés a cabeça passar. Um turbilhão de pensamentos e ansiedades começavam a tomar conta de Bruno, ele se perguntava quem poderia ser, e por muito tempo a dúvida pairou em sua mente.


       Sem respostas, ele mergulhava em cada gole de conhaque e voava na amarga fumaça de seu cigarro, que lhe ardia os olhos e o fazia chorar, Bruno definhava-se aos poucos, não tinha mais forças para levantar-se e observar o movimento pela varanda. Arrastava-se ali, no sexto andar, sobre um par de velhos chinelos cujo couro foi consumido, quase que por completo pelo tempo, aquele homem com a expressão cadavérica e com o corpo curvado.


       Quando ele já estava quase desistindo da menina, o telefone toca, desta vez às onze horas, pontualmente. Bruno já está velho e curtido em álcool, só consegue atender no quarto toque, ofegante ele diz “Alô”:


       - Bruno... Novamente a menina se cala, o que faz renascer de seu interior uma raiva e amargura que, numa explosão são lançadas ao ar: “Puta que Pariu, quem é você”? A voz nada diz. Ainda em seu surto de ódio, quando terminava de quebrar os objetos de sua casa, é interrompido pelo soar do telefone que milagrosamente foi preservado de sua ira, ele respira, limpa a poeira de sua camisa e caminha até o telefone, desta vez ele pensa em manter a calma, com um pouco de dificuldade atende no quinto toque, e a mesma voz:
       - Bruno, você tem novas mensagens em sua secretária eletrônica.