quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Feliz Ano Velho


Diante de uma página em branco, sem fazer idéia de onde buscar na mente um livro impactante, me veio uma obra que li quando tinha por volta de dezessete anos.
Muita gente já ouviu falar de Marcelo Rubens Paiva, mas, pelo menos eu, não conhecia nada dele.
Feliz Ano Velho é uma obra fantástica, de uma pessoa que foi vítima do destino e que me deu saudade. De certa forma, ele, Cazuza, entre tantos outros vitimados, certamente no mínimo, nos faz refletir. Bom, pelo menos quem sofreu algo parecido, parou e pensou. E pensou, pensou, pensou....a ponto....e tirou sarro da existência.
Marcelo, quando jovem, ao dar um simples mergulho em um lago, partiu a coluna vertebral (é como tomar um banho ao acordar pela manhã e levar uma descarga elétrica da potência de um raio), descrevendo em um dos trechos um discurso de alguém que aparentemente é superior à vida, seja ela destrutiva no caso: "Meu futuro é uma quantidade infinita de incertezas. Não sei como vou estar fisicamente, não sei como irei ganhar a vida e não estou a fim de passar nenhuma lição. Não quero que as pessoas me encarem como um rapaz que apesar de tudo passa muita força. Não sou modelo para nada. Não sou herói, sou apenas uma vítima do destino, dentre milhões de destinos que nós não escolhemos. Aconteceu comigo. Injustamente, mas aconteceu. É foda, mas que jeito..."
É a vida em uma enorme contradição; um homem preso e mutilado sente a liberdade lúcida que a maioria da humanidade jamais alcançará. Pouco importa, muito provavelmente, de que seu último dia chegue precocemente, porém, para quem precisa por algum motivo se sentir bem, este sim é um livro transformador.

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